sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pinyin: o Reino das Sombras


"Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!"

Augusto dos Anjos


Silenciosas

As sombras
São sobras
De assombrações

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E isso eu digo aos supersticiosos,
os medrosos de alma pueril:
Mesmo o Reino das Sombras
precisa de uma resma de luz,
uma oblíqua fagulha luminosa,
para existir. É lá que me encontrarás.

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O lado encoberto. Incrustado na penumbra, desencarnado daquilo que já não é.
Trata-se de privar momentaneamente o que ainda não se mostra.
Após o raio só se vê que não existe mais.

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Da penumbra que deslumbra.
Do reflexo do mistério.
Do escuro do obscuro.
Do espelho negro que remonta.
Da sombra que perfila.
A sua forma moldada, definida.

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[Hades! Ó, Hades estar
Rendentar, Rebentos
Nascem pela ferida de Jesus
Lança de Longinus
Escorrendo o sangue que escurece
Ao se coagular]

O tempo nos escurece
Quando deitamos e nos entregamos
Ao seu altar
Atrás dos olhos não há Zeus
Dentro dos olhos
Não há nenhum deus
Somente a carne
Que empretecerá

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por sob a sombra
do seu passado
se arvorece

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Assombro

Ontem fui ao enterro de um amigo de infância
E ele não só estava morto como também tinha aspecto de morto
Cheguei-lhe bem de  perto...meio metro...incrédulo...
Fiquei ali olhando...estupefato
...
Através do caixão a gravitacional parecia tragar-lhe
A pele do rosto achatava-lhe  a face..
A expressão escapava-lhe..como imensa planície
Que os músculos frontais não possuíam a mecânica dantes
..... derramavam-lhe
O conjunto todo parecia ruir...desmanchar-se..diluir-se
O Pacheco seguia...sem deixar recado...mas pra onde?

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