Prisões invisíveis do cotidiano
A cidade ao fundo... o mundo que não para, não para e te tritura, tritura seus escapes e mina sua energia.
Cansado, preso fica.
Mas não procure os cadeados...grades não existem.
Então, que chave usar pra ser livre?
Poesifixa
a liberdade perdeu-se na floresta
escapando da rotina, com pressa
o labirinto verde a transmitiu medo
e naquele distinto recinto, ao cedo
os prantos orvalhos emitiam cantos
, farfalhos
confortavelmente
anestesiada
a poesia
ganha
asas
'se você quer ser quem ainda não é acredita; medita'
'se você quer ser a poesia que não é reflita; poesifica'
all shit
Ele vagueia pelas ruas do bairro
é o Robinho-sem-metafísica...
e sem sapato..
Nômade...errante, vagabundo...
“Eh Alemão ! Têm 1 real aê ! ?
Se tá ligado! ”
Descolei uma camiseta véia pro Robinho...
Ele não tem máquina de lavar roupas...
ele veste qualquer coisa
é Robinho porque usa muletas...
“Aeh Robinho...têm um careta aeh?”
“...cigarro ? Alemão...”
“...então...”
Nômade...errante, vagabundo...
“Eh Alemão ! a gente estudô junto naquela escola ali..
se alembra?”
‘Tô ligado... !”
“Então Robinho.. vende uma poesia por 2 real ? “
“ vixxiiii , ... sei não! ”
Já tem uma cara que não vejo o Robinho
Tezcatlipoca
Trompas
De
Phalópium
Trompáticámente ajeitável
Ando pelos cantos
Trabalhando em um serviço árduo
Sou o fiscalizador das fendas de muros altos
Especialista, melhor do mundo
Minucioso, olhos de lince
Em minha mão
Ritualísticama-me-nte
Me demoro em preces, ofertas
Medito longamente, obtenho os olhos
Preciso e obtenho
Analiso bem, sou fiscal
Sei cada entranha da sua vida
É um corpo mole, tracejado e transparente
Vejo tudo
No olho que tudo vê
Não sou o medo
Sou especialista
Cada furo deste muro
Verá um dedo meu
Um cajado falopiano
Dali partem um úterus
Nascem sobre a direção e sentido
De minhas mãos
Faço nascer
Grilhões em mim
Antes mesmo de se crescer,
antes mesmo de se prever,
o mundo todo há de lhe precaver
Com quais nãos sua liberdade irá fenecer
Doloroso crescer sem entender
Quais limites teria ao explodir
Se tentasse por vezes embrutecer
E deixar-se chorar quando te impelem a rir
E no compasso letárgico dessa mentira
A velocidade e o ímpeto esmaecem
Acordar, dormir, revoltar-se sem ira
São prisões tão ruins quanto ME parecem
Crescer, pagar, trepar, parir
Vivem anos assim e não padecem
Ao contrário do que parece, subverter e intervir
Não dão medalhas como acham que merecem
E não querendo essa prisão que me presenteiam
Avós, pais e sociedade de boa intenção
Hei de fazer entender que o que pleiteiam
Não é só uma conduta, um sim, mas meu coração
E eu hei de dizer, não.