domingo, 23 de setembro de 2012

pra quando a música, as palavras e a pintura não são suficientes pra uma emoção
a gente dança



pequeno reclame da noite perdida

certeza mesmo
de pouco existe
se a gente insiste
em descobrir
só fica triste,
e longe daqui,
a verdade
a esmo dança...

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Nga Nga

Ebone. Nigro. Negra. Nigga. Negro. Necro.
Visceral. À pele. A mente. Do tambor ao torpor.
Ebone. Nigro. Negra. Nigga. Negro.

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Gesto

Fluir
            fruir
                   flertar
                             fragar
                                  frisar
                               frigir
                     frasar
           florar
    frugar                 
             flanar
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Shiva Nataraja


Vem de mim
Vai
Volta
Vem
Os pássaros
Escondidos
Cada bater d'ásas
Cada rasante d'água
O meu sangue
O coração
O branco
O preto
O céu
A terra
A mordida
Eterna
Do vasto círculo dos dias
Que são iguais
E a música não há
Eu dito o som
E me articulo.

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Balanço da essência pairando a energias
Remelexo do esqueleto na velocidade corporal
Calor, suor e gingado
Um som que não dá pra ficar parado
Pés, mãos e braços
Cabeça,tronco e membros
música, requebrado e movimento.
Não entendo.

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Escritos apócrifos da cultura aborígene

Reza a lenda,
E não há quem de forma diferente aprenda,
Que numa terra pungente,
Lá pelos meandros da ilha-continente,
Existe um povo animista,
De distinto senso arquivista.

Na caça, não usam lanças;
Na escrita, apenas gravuras;
Nos ritos, usam as danças;
No respeito, idade e bravura.

Reza a lenda,
E é a mais antiga que se tem na agenda,
que do alto de quatro montes avermelhados
é possível ouvir os cantos lançados
à imensidão celeste perene,
numa oração gingada aborígene.

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elenna de braços estendidos
em minha direção
elenna de mãos dadas
rodopiando na escuridão

vestido de chita, seda, algodão
girava, virava, bailava, ignorava, 
na sua cintura, a minha mão

pois, firme que era
guiada, não era não!

elenna errava o passo
errava o ritmo
trocava a mão

ria e recomeçava
mexia os pés, pulava
até que cansava

ia da roda à mesa
bebia água, vinho e cerveja
sentia os pés moídos no salto alto
punha em ordem os cabelos desordeiros

e bailava até o sol raiar